Nessa época do ano o tempo está sempre frio e seco. Tem dias que o céu está tão azul que mal o sol se pôe e logo a temperatura baixa para pouco mais de 10 graus. Ai, no meio da noite fica mais frio ainda e, pela madrugada, congela-se o orvalho da noite virando geada pela manhã. Por esses dias a geada já apareceu umas duas ou três vezes secando todo o verde desprevenido. No alto do morro dá para ver nitidamente pela diferença de cor, onde a geada causou mais estrago na grama e na braquiara.
O gado até que não emagreceu muito este ano, graças à vigilância constante e ao trato diário com capim picado na picadeira. Os cavalos, que comem grama a maior parte do tempo, sofrem mais, ficam menos protegidos e favorecem o aparecimento de hordas de carrapatos. O pessoal daqui acredita que existam 3 espécies de carrapato: o porvinha, o estrela e o redolego. Eu acho que o porva é o mesmo estrela logo que sai aos milhões, dos ovos postos nos galhinhos da ravina. Já o redolego, aquele grandão que parece uma semente de mamona quando está cheio do sangue dos mamíferos, não parece ser o estrela que se refestelou do sangue de algum incauto ou impossibilitado. Só sei que, nessa época, bastar dar uma voltinha pelo pasto, para alguns deles começar a subir pelas pernas da gente procurando o lugar mais seguro e quentinho para se atarracar.
Tem uns "sangue-ruim" por aqui que dizem que não pegam carrapato. A Luzia é uma delas e não sei qual é o mistério.
Nesse final de semana, aproveitamos a visita do Aldo e do Gustavo para carregar placas de grama do pasto para o terreiro da casa para plantar no lugar de onde saiu a rampa e ficou um barranco nu de terra vermelha. Foi mais um trabalho bruto para a super caminhonete velha de guerra. Turminha de coragem, enfrentou com coragem o trabalho desconfortável em meio a aranhas enormes e borbotões de carrapatos-estrela subindo pelos braços e pernas. Tem gente que teve que tomar banho de álcool para se livras dessas pestinhas rastejantes e chupadoras de sangue. Quando tem esse tipo de serviço no pasto nessa época do ano, ao voltar para casa, uma luz bem forte e um pequeno espelho é o melhor que se pode arranjar para capturar os invasores sempre bem encodidinhos nas partes íntimas.
Num dia sem sol, meio frio e de céu cor de chumbo, foi diferente brincar com as varas de pescar no rio tentando pegar pelo menos uma das traíras e piaparas grandes que andam aparecendo na beira do rio. Ficou só na tentativa. Sorte mesmo teve o Dirceu com seu método noturno que deu para pegar uns 10 grandões. Valeu por um almoço com peixe fresco em dia cinzento e com alguns humores meio virulentos contaminando todo mundo. O melhor humor de todos, como sempre, foi o da Lana que, fora uns arranca-rabos com a Ditinha, se divertiu mais que todo mundo no pasto desnudo, molhado e cheio de carrapatos.