20111219-Sat-Sítio
Puta merda, uma cascavel em cima do sofá.
2011-12-18-Sun-12:18:40
Maior susto na chegada, Isabel desligou o alarme, abriu a porta, entrou, abriu a porta balcão, ouviu um chiado no sofá, olhou, adivinha --- uma cascavel de 4 anos sibilando em cima do encosto do sofá mais claro.
Carai meo.
Isabel gritou e passou direto pro corredor, Luzia me chamou, pegou um pau, me deu e a matei em cima do sofá.
Quando entrei pra ver, ela já estava escondida embaixo de uma das almofadas brancas que sempre ficam em cima do sofá.
Que coisa, viu!
Só depois tive a calma de pegar a câmera para tirar umas fotos dela já morta ali na varanda.
Pendurei num galho do ipê da frente da sala até ver o que faríamos.
Luzia me surpreendeu por não se apavorar tanto. Pelo tanto que vive abominando cobras, achei que pudesse ter um chilique quando enfrentasse uma assim tão de perto.
Isabel ficou chocada e passou o resto da tarde meio lerda, meio sem graça aliás, não só ela, nós 3.
Imagina só, encontrar uma cascavel em cima do sofá da sala. Nem em nossos piores pesadelos poderíamos imaginar uma coisa dessas.
Eu sempre vivo esperando encontrar aranhas, topar com uma grande em baixo da cama, talvez até por entre as cobertas e tals, mas cascavel, meo, podia até ser outra cobra, sei lá, embaixo de uma cama, principalmente aqui dentro desse quartinho que quase ninguém usa mas, uma cascavel, e em cima do sofá foi demais.
Depois que passou o susto, brinquei um pouco com ela jogando no meio das galinhas pra ver como seria a reação delas e foi até interessante como ficam atentas, olham de longe e começam a piar de uma maneira característica provavelmente avisando as outras.
Aproveitei para tirar mais fotos e fazer um filminhos.
Depois da brincadeira, enterrei-a lá um pouco para baixo do viveiro pertinho do brejo.
Depois mais à noite me lembrei que esqueci de cortar o guiso para deixar de lembrança desse sinistro episódio.
A partir daí, muitas histórias começamos a imaginar. Coitada da cobrinha, deve ter passado um perrengue para chegar até aqui passando por locais onde sempre estão as galinhas pastando. Sabemos que galinha não dá vida mansa pra cobra, né?
Por essa dificuldade de chegar até aqui e pela facilidade de entrar pra dentro de casa, imaginamos que ele deve ter vindo pela porta da cozinha que fica sempre aberta e a tela de proteção quase nunca fechada.
Talvez tenha entrado na quarta-feira, dia em que a Janete veio fazer a faxina. Dirceu esteve aqui na segunda mas achamos meio difícil que ela tenha entrado na segunda e ficado por aí até a quarta. Mas pode ser também.
Eu até imaginei o pior, que ela pudesse estar aí dentro já há mais tempo. Quem sabe até já estivesse aqui na sala escondida em algum canto desde a semana passada quando estivemos aqui eu, Isabel, Luzia e Teresinha? É, vai saber né. Aos outros pareceu meio improvável porque ela precisaria se mexer para comer, a Mili estava conosco e poderia ter percebido, a gente poderia ter ouvido o barulho do guiso e tals. Realmente, meio improvável, principalmente pelo barulho do guiso.
E o resto do sábado ficamos todos meio ressabiados. Qualquer barulhinho já chamava a atenção.
Depois que entramos pra dentro de casa, claro, revistamos todos os cômodos, todos os cantos, debaixo de todas as camas, atrás de todas as portas. Na sala até que não tem muita tranqueira nos cantos exceto em um deles que já estamos planejando limpar, levar o entulho lá para o quartinho de baixo.
A uma certa altura, Isabel foi lá no quiosque pegar algo pra fazer o jantar, disse que ouviu um barulho no meio das coisas do lado do freezer, se apavorou, pegou o que tinha que pegar e saiu rapidinho.
No dia seguinte, Luzia foi ver o que era e achou um enorme dum sapo escondido. Colocou-o pra correr, claro. Luzia anda bem corajosa.
Agora, toda hora em que venho sentar no sofá, olho pras almofadas e tenho que remexê-las só por garantia. Vai demorar pra gente ficar tranquilo e relaxado aqui dentro de novo.
A gente entra no banheiro com a luz apagada e já um arrepio só de imaginar que possa ter algum perigo nos cantos escuros. Eu hein.
E fomos lá no meio da plantação de eucalíptos descarregar mais 5 sacos de adubo, cheio de mato seco no chão, uma sensação estranha: a gente anda por aí, pelo meio do mato, sempre preocupado com cobras mas nunca ia imaginar que o maior perigo iria acontecer justamente dentro de casa. E em cima do sofá. Aff.
Um pensamento ruim é que, se apareceu uma, pode aparecer mais.
Essa tinha só 4 anos e pode ter irmãs. E os pais dela, que seriam cobras ainda maiores. Porque estaria perdida sozinha aqui dentro de casa. Eu hein. São pensamentos que agora nos assolam e vai nos assombrar por um bom tempo ainda.
Mas também nos serviu de lição pra nos lembrar, de novo, que devemos estar sempre atentos e sempre dar uma geral por baixo das camas e em todos os cantos toda vez que chegamos para começar um final de semana. Sei que no começo a gente sempre fazia isso mas com o tempo, nada acontecendo, foi relaxando.
Agora é tempo de retomar a vigilância. Mas sem exagerar. Sem deixar o pânico tomar conta da nossa mente, senão vira paranóia e acaba atrapalhando a curtição dos momentos de prazer que nos dá a estadia semanal aqui.
Como eu disse antes, os intrusos aqui somos nós. A cobrinha só estava andando por um lugar em que nasceu e sempre viveu. Morar em roça, passar temporadas no mato deixa a sujeito a esses tipos de contratempos. O negócio é aprender a lição, manter-se vigilando e relaxar o quanto for possível.
Só nos resta tocar a vida pra frente.
Viva a natureza!!